AGRICULTORAS PRODUZEM PANETONE DE MANDIOCA

Agricultoras estão unidas em associação - Foto: Divulgação
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As mulheres agricultoras da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Jacuba e Adjacências, em Ibirapitanga, no baixo sul da Bahia, estão apostando no sabor autêntico e na versatilidade da mandioca para alavancar suas vendas de fim de ano, além de porem às mesas para a ceia de Natal. O panetone de mandioca é a novidade que elas estão produzindo após a requalificação da unidade de beneficiamento local por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), o que impulsionou o empreendedorismo na região. 

A equipe da CAR do baixo sul, Vivaldo Souza, Gabriela Navarro e Cássia Beatriz, menciona que as agricultoras familiares são cada vez mais numerosas e desempenham várias funções essenciais no processo produtivo, o que mostra que há uma crescente representatividade feminina no setor.  “Nós da CAR, por meio do Bahia Produtiva, financiamos subprojetos de inclusão socioprodutiva de interesse e necessidades das comunidades de baixa renda da Bahia. Nesse caso em específico, foi melhorada a infraestrutura básica necessária para apoio à produção e a comercialização, estamos promovendo a inclusão econômica e social de mulheres”, complementa Vivaldo Souza. 

A presidente da associação, Joziete Silva, diz que as mulheres da associação tiveram a ideia de empreender em 2012, mas em um espaço cedido por um fazendeiro e muitas desistiram no percurso por dificuldades que foram enfrentadas. “Quando surgiu a oportunidade de melhoria da nossa unidade, com o edital de requalificação de agroindústria, não perdemos tempo e fizemos a inscrição, foram várias etapas até assinarmos o convênio. A esperança de ter um lugar adequado para trabalhar surgiu, começava aí uma nova etapa de uma nova luta. Foram várias batalhas, e enfim, no dia 22 de outubro de 2023 inauguramos nossa unidade”. 

Por ser uma época de festejos de final ano, a presidente ressalta que a produção de panetone foi pensada para o Natal, em que as pessoas consomem muito o produto. “Não é que o povo gostou? Está sendo bastante aceito. As pessoas perguntando sobre o nosso produto, querendo experimentar, e posso dizer que foi uma feliz escolha sim”, comenta Joziete. O objetivo das produtoras é garantir a independência financeira e um aumento nas possibilidades de utilização da mandioca. 

“Podemos produzir em grandes quantidades coisa que antes não podíamos, porque era tudo feito à mão, artesanal mesmo. Hoje, já temos uma visão mais ampla em relação ao mercado, nós estamos bastante esperançosos e não só esperançosos, mas estamos lutando para que nossos produtos ganhem definitivamente o mercado. Esse é nosso principal objetivo”, declara a presidente. 

Apesar da cultura predominante do baixo sul ser o cacau, as agricultoras enfatizam que estão sempre colocando em pauta a importância da diversificação de cultura, e vêm conseguindo inserir a mandioca como uma das culturas, mostrando para os agricultores o quanto é importante essa diversificação. Outra beneficiária da unidade, Jeania de Santana, fala que não acreditava no potencial que ganhariam com o empreendimento voltado à mandioca, mas vem dando certo.

“Como nossa região trabalha em sua maioria com plantios de cacau e as lavouras de mandioca são pequenas, não tínhamos noção do poder econômico que a mandioca nos traria, principalmente para nós mulheres, não se passava na cabeça que poderíamos usar dessa produção para promover sustentabilidade e melhorias nas nossas famílias. Apesar de já produzimos produtos advindos da mandioca, não tínhamos quantidade nem mesmo qualidade nos produtos, mas com esta conquista em nossa região, já podemos produzir com mais qualidade e quantidade os diversos alimentos”.

A Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), promoveu uma capacitação sobre o uso da mandioca em diversas receitas e mandou para as mulheres da associação uma lista para a ampliação da produção, como pizza de aipim e chips. 

Jeania diz que antes mesmo de produzirem o panetone, as mulheres já trabalhavam na produção de biscoito de polvilho, bolos e pãezinhos. “Produzíamos pães, bolos, biscoitos, e também recebemos outras receitas através da capacitação realizada pela CAR. Aprendemos a fazer os sequilhos, que também tem boa aceitação e já estamos pensando em fazer apresentações dos nossos produtos nas cidades que nos cercam, como Ubatã, Gandu e Ubaitaba”.

Vivaldo Souza fala que, ao incentivar o comércio local, os residentes têm mais oportunidades de interagir entre si, fortalecendo os laços sociais e culturais. “Isso cria um senso de identidade e pertencimento, além de promover a cooperação e a solidariedade. Ao desenvolver a capacidade de produção local, a comunidade se torna menos vulnerável a flutuações econômicas externas e crises, mantendo um maior controle sobre seu próprio destino econômico”, comenta.

Por: Dianderson Pereira* atarde.com.br

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