‘DEADPOOL & WOLVERINE’ TEM TUDO O QUE OS FÃS QUEREM, MENOS CONSEQUÊNCIAS; VEJA

Autorreferências tomam lugar de narrativa relevante para 1º filme de mutantes no Universo Cinematográfico da Marvel. Hugh Jackman brilha como sempre em retorno ao herói.
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“Deadpool & Wolverine” é uma sequência desavergonhada e muito divertida de referências ao gênero de super-heróis, participações especiais surpresa, piadinhas e vísceras – o suficiente para o delírio dos milhões de fãs dos personagens e da Marvel ao redor do mundo.

No processo, no entanto, a grande estreia desta quinta-feira (25) nos cinemas brasileiros abre mão de uma história minimamente complexa e de qualquer relevância no quadro geral. Expectativas justificáveis para o primeiro filme estrelado pelos mutantes dos quadrinhos produzido pelo seu próprio estúdio.

É possível atrelar a falta de consequências ao espírito autorreferente e irreverente do anti-herói interpretado por Ryan Reynolds – mas é impossível anunciar o retorno de Hugh Jackman, brilhante como sempre no grande papel de sua carreira, sem que o público espere algo mais.

O reencontro da dupla depois do horroroso “X-Men Origens: Wolverine” (2009) não deixa de ser excelente. Só lhe falta o charme quase inocente (se é que dá para chamar assim qualquer coisa que envolva o Deadpool) do primeiro filme do personagem, que lhe garantiu o título de sucesso surpresa de 2016.

Mesmo assim, “Deadpool & Wolverine” tem referências (ou easter eggs, se preferir) o bastante para obrigar os mais obcecados a retornarem aos cinemas diversas vezes, e, com isso, garantir o sucesso nas bilheterias. Quem sabe até o provável recorde para uma produção indicada para maiores.

Em resumo, é o filme que os fãs merecem – não aquele que eles precisam.

https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2024/07/23/deadpool-and-wolverine-tem-tudo-o-que-os-fas-querem-menos-consequencias-g1-ja-viu.ghtml

Rindo da Marvel

O roteiro escrito por Reynolds com o diretor Shawn Levy (com quem trabalhou em “Free Guy”) e outras três pessoas conta uma história simples, mas ainda confusa por envolver universos paralelos e linhas temporais – o creme do que tem colocado o Universo Cinematográfico da Marvel em maus lençóis em seus últimos filmes e séries.

Até por isso, o time toma a decisão correta de não se levar a sério em momento algum e abraçar autoconsciência do personagem, sempre atento ao ridículo da situação.

Na trama, Deadpool (Reynolds) busca a ajuda de um dos mutantes mais famosos dos quadrinhos (e do cinema, para ser justo) para salvar sua realidade – e todos aqueles que ama – da destruição iminente.

Apesar do nome, e de um desejo sincero que nunca se concretiza, “Deadpool & Wolverine” está mais para um “Deadpool 3” do que para um filme da dupla de verdade, no qual Jackman nunca passa de um coadjuvante de luxo.

O que não significa que o ator australiano não esteja excelente como sempre no papel que nasceu para fazer – sete anos depois de “Logan”, ainda é impossível de pensar em outra pessoa com as garras de adamantium.

Por sua vez, Reynolds sustenta o humor, mas acerta mesmo ao dar ao companheiro espaço para fazer o que faz de melhor. O que impede um equilíbrio total entre a dupla, ou até que a balança tombe para o outro lado, é o ritmo e a metalinguagem característico do “Mercenário Tagarela”.

Adeus, Raposa

Sem coragem para deixar uma marca significativa no MCU, a história serve como desculpa para sequências de ação excelentes – talvez as melhores da “trilogia” – e apresenta cenários perfeitos para referências ao passado e participações especiais que arrancarão aplausos nos cinemas.

No fim, mais interessado do que em sua entrada (ou retorno, de certa forma) na Marvel, o filme brinca mesmo para honrar suas origens (com o perdão da palavra, fã traumatizado) no estúdio 20th Century Fox.

O antigo dono dos direitos cinematográficos dos mutantes foi comprado em definitivo pela Disney, dona da editora, em 2019 – o que permitiu que os personagens se juntassem ao resto do grande universo integrado.

Com isso, “Deadpool & Wolverine” soa como um grande quadro “in memoriam” debochado da falecida empresa, que teve sucessos como “X-Men” (2000) e desastres como “Quarteto Fantástico” (2015).

Difícil saber se é o suficiente para o público geral, que pode sofrer para processar a sequência quase incessante de piadas autorreferentes, mas, em um ano fraco para o cinema e depois de alguns fracassos da Marvel, o reencontro de Reynolds e Jackman parece grande demais para não dar certo.

Matéria do G1

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