BRASIL PRECISA IMPORTAR ARROZ? POR QUE O PREÇO SUBIU MAIS DE 20% EM UM ANO?

Arroz da merenda na Escola Estadual Américo Braga, em Eldorado do Sul — Foto: Celso Tavares/g1
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País produz menos do que consome e supre demanda com importações e estoques de colheitas anteriores. Governo decidiu comprar mais arroz estrangeiro após enchentes no RS.

O arroz virou um dos assuntos em alta nas últimas semanas diante das tentativas do governo federal de importar o grão, após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. O estado responde por 70% da produção nacional do cereal e já colheu 90% da área plantada nesta safra.

O arroz virou um dos assuntos em alta nas últimas semanas diante das tentativas do governo federal de importar o grão, após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. O estado responde por 70% da produção nacional do cereal e já colheu 90% da área plantada nesta safra.

Até abril, o governo estimava que o Brasil importaria 1,4 milhão de toneladas de arroz. Esse montante, somado à produção e aos estoques – e excluindo as exportações –, permitiria acumular um suprimento de 12,4 milhões de toneladas – contando com os efeitos da tragédia no RS – o que já conseguiria atender o consumo interno.

Contudo, desde maio, o governo aumentou a sua projeção de importação para 2,2 milhões de toneladas, colocando na conta o arroz que pretende adquirir via leilão público. Nesse cenário, o Brasil acumularia 13,1 milhões de toneladas no mercado interno.

A justificativa do governo é evitar um aumento excessivo de preços, em consequência de possíveis problemas de oferta e distribuição do arroz.

No auge da tragédia do RS, o bloqueio de estradas e rodovias gerou preocupação sobre a capacidade do estado de conseguir entregar o arroz colhido para o restante do Brasil.

A água baixou, porém, e a principal rodovia para escoamento do grão, a BR-101, já está normalizada, diz a Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul).

🍚Quanto de arroz o RS perdeu?

Ainda não se tem uma estimativa oficial sobre esse número. Um relatório da Conab de quinta-feira (13) apontou que as enchentes de maio geraram perdas de 100 mil toneladas na colheita de arroz no estado, um volume pequeno perto das 7 milhões de toneladas que o RS deve produzir.

Já nos armazéns – onde estava guardado o arroz que já tinha sido colhido –, houve uma perda de 24 mil toneladas, o que corresponde a 15% do total armazenado, segundo dados do Instituto Riograndense do Arroz (Irga).

O que o Ministério da Agricultura e a Conab têm afirmado é que a decisão de comprar 300 mil toneladas de arroz não tem a ver com abastecimento, e sim com a especulação e aumento nos preços do alimento.

💲Por que o arroz ficou mais caro?

Em um ano, o preço do arroz subiu mais de 20%

g1, a alta desse alimento tão popular está relacionada a diferentes fatores como:

  • clima ruim e aumento nos custos de produção: o que fez com que alguns produtores abandonassem o plantio de arroz e migrassem para atividades mais rentáveis, como a soja, diz Evandro Oliveira, da consultoria Safras & Mercado.
  • aumento das cotações internacionais: o preço do arroz subiu no mundo porque a Índia, que detém 35% do comércio global, parou de exportar para reduzir seus preços internos, afirma Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio.

Contudo, desde maio, o governo aumentou a sua projeção de importação para 2,2 milhões de toneladas, colocando na conta o arroz que pretende adquirir via leilão público. Nesse cenário, o Brasil acumularia 13,1 milhões de toneladas no mercado interno.

A justificativa do governo é evitar um aumento excessivo de preços, em consequência de possíveis problemas de oferta e distribuição do arroz.

No auge da tragédia do RS, o bloqueio de estradas e rodovias gerou preocupação sobre a capacidade do estado de conseguir entregar o arroz colhido para o restante do Brasil.

A água baixou, porém, e a principal rodovia para escoamento do grão, a BR-101, já está normalizada, diz a Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul).

🍚Quanto de arroz o RS perdeu?

Ainda não se tem uma estimativa oficial sobre esse número. Um relatório da Conab de quinta-feira (13) apontou que as enchentes de maio geraram perdas de 100 mil toneladas na colheita de arroz no estado, um volume pequeno perto das 7 milhões de toneladas que o RS deve produzir.

Já nos armazéns – onde estava guardado o arroz que já tinha sido colhido –, houve uma perda de 24 mil toneladas, o que corresponde a 15% do total armazenado, segundo dados do Instituto Riograndense do Arroz (Irga).

O que o Ministério da Agricultura e a Conab têm afirmado é que a decisão de comprar 300 mil toneladas de arroz não tem a ver com abastecimento, e sim com a especulação e aumento nos preços do alimento.

💲Por que o arroz ficou mais caro?

Em um ano, o preço do arroz subiu mais de 20% para o consumidor. Em maio, durante as enchentes no RS, a alta foi de 1,4% em relação a abril, mas algumas regiões tiveram aumentos mais expressivos, como Aracaju (+8%), Porto Alegre (+6%) e Vitória (+5%).

Nos supermercados de SP, por exemplo, o pacote de 5 quilos tem sido vendido, em média, por R$ 30, segundo o Procon. Há um ano atrás, custava R$ 20, valor por qual o governo pretende vender o seu arroz.

Segundo especialistas ouvidos pelo g1, a alta desse alimento tão popular está relacionada a diferentes fatores como:

  • clima ruim e aumento nos custos de produção: o que fez com que alguns produtores abandonassem o plantio de arroz e migrassem para atividades mais rentáveis, como a soja, diz Evandro Oliveira, da consultoria Safras & Mercado.
  • aumento das cotações internacionais: o preço do arroz subiu no mundo porque a Índia, que detém 35% do comércio global, parou de exportar para reduzir seus preços internos, afirma Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio.

“O Rio Grande do Sul já teve áreas de mais de 1 milhão de hectares de arroz e, hoje, sofre para conseguir uma área de 900 mil hectares”, conta Evandro.

Em entrevista ao g1, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o governo vai estimular o plantio de produtos básicos da alimentação brasileira no próximo Plano Safra – que deve ser anunciado neste mês – através de contratos de opções (entenda aqui como funciona).

No último ano, contudo, o Rio Grande do Sul expandiu em 4% a sua área plantada, de olho no aumento do preço da saca de arroz – que subiu 37% em um ano, segundo o Cepea –, mas também na expectativa de que o El Niño prejudicaria o andamento da safra.

Arroz no mundo

No mundo, o preço do arroz começou a subir em julho do ano passado, quando a Índia parou de exportar o grão, no intuito de reduzir os seus preços internos. O mercado indiano responde por 35% do comércio global de arroz.

“De lá pra cá, o arroz asiático – que é o grande balizador de preço global, já que a Ásia tem 90% da produção – subiu 46,5% e, então, os preços no Mercosul foram na mesma direção. No caso do Paraguai, o preço subiu 71%. E, no caso do Brasil, subiu menos. Do ano passado pra cá, a gente teve uma alta, no varejo, na casa dos 25%”, disse Cogo.

“Essa alta de 45% em dólar que houve lá fora foi repassada parcialmente para o Brasil”, destaca o analista.

Lá fora, as cotações continuam aquecidas e, agora, o mercado aguarda por novas decisões do governo indiano, que deve anunciar, neste mês, se vai continuar ou não bloqueando as exportações.

Matéria do G1

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