SALVADOR TEM SEIS IGREJAS INTERDITADAS APÓS VISTORIAS DO IPHAN E DA DEFESA CIVIL

Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Salvador — Foto: Arquivo pessoal
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Pelo menos 11 templos da capital baiana foram visitados por uma força-tarefa nos últimos dias. Ação foi intensificada após morte de turista na ‘igreja de ouro’, no Centro Histórico.

Seis igrejas estão interditadas em Salvador após serem encontradas irregularidades em vistorias realizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Defesa Civil da cidade.

A informação foi confirmada pelos órgãos nesta quinta-feira (13). As ações foram intensificadas após a morte de uma turista de 26 anos em um desabamento ocorrido na semana passada.

Além da Igreja de São Francisco, onde aconteceu o acidente, também foram fechadas:

  • Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem;
  • Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat;
  • Igreja dos Perdões;
  • Igreja de Nossa Senhora da Ajuda;
  • Igreja da Ordem Terceira do Carmo;
  • Igreja de São Miguel.

Segundo o Iphan, as visitas estão acontecendo de forma preventiva e contam com apoio de uma força-tarefa com 15 servidores de outros estados.

Ao todo, a Bahia tem 184 bens tombados pelo órgão, sendo que 51 são igrejas. Delas, 30 estão na capital baiana. Pelo menos 12 já foram vistoriadas, conforme levantamento da TV Bahia.

“O Iphan sempre fiscalizou os bens tombados. Nós temos aí o incremento dessas ações em 2024. Fiscalizamos 2.395 bens. O que nós temos feito agora é integrar mais essas ações com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, porque nós temos, em alguns desses bens, situações que carecem também da intervenção desses outros órgãos”, disse o presidente do Iphan, Leandro Grass.

Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Salvador — Foto: Arquivo pessoal

Segundo Grass, ainda não há um balanço de todos os problemas encontrados nas igrejas vistoriadas, porém é possível detalhar o que normalmente é encontrado nesses lugares.

“No geral, o que nós podemos dizer que é uma realidade comum em vários centros históricos, em razão do modelo construtivo, dos tipos de material, muitos desses imóveis são feitos de madeira, madeira que está sendo corroído por cupins. Telhados que também tem uma estrutura de madeira passam por essa situação. Temos aí também, por falta de manutenção de muitos desses imóveis por parte dos proprietários, problemas de rachaduras, infiltração, mofo, excesso de sujeira”, disse.

Para que as igrejas possam reabrir, é preciso que todas as falhas apontadas na vistoria sejam corrigidas. Tarefa que, segundo o Iphan, é de responsabilidade dos proprietários. Porém, eles podem receber ajuda de custo.

“A legislação brasileira diz que os proprietários de imóveis tombados como bem cultural e que não têm condições financeiras de cuidar deles adequadamente, podem receber recurso público, mas não significa que vão”, explicou.

Por fim, Grass ressaltou que, apesar de participar das vistorias, as recomendações de fechamento dos templos não parte do órgão, assim como a autorização de reabertura.

“O Iphan vai com ela para que também atualize o seu banco de dados a respeito do estado dos bens, mas quem vai determinar o alto risco, com possibilidade de risco é a Defesa Civil da cidade”, afirmou.

No caso da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, segundo detalhou a paróquia, a interdição partiu da situação precária do teto do templo, que teve a construção concluída em 1743 e foi tombado em 1938.

O lugar é conhecido por abrigar a imagem do Bom Jesus dos Navegantes e a embarcação Galeota Gratidão do Povo, que faz o transporte durante a tradicional procissão marítima, em 1° de janeiro, na festa de Bom Jesus dos Navegantes.

Durante a interdição, quando os fiéis não poderão acessar o lugar onde normalmente são realizadas as missas, o Salão Hugo Rossini será usado para as celebrações e as atividades planejadas da paróquia.

Homenagem às vítimas da Igreja de São Francisco

Na terça-feira (11), uma missa de sétimo dia homenageou a turista de São Paulo Giulia Panchoni Righetto, que morreu após o desabamento na “igreja de ouro”. A cerimônia foi realizada em um templo ao lado do imóvel, no Centro Histórico de Salvador.

O caso segue sob investigação e ainda ão há ainda um prazo para a conclusão do inquérito. Na segunda-feira (10), a Polícia Federal assumiu a investigação integral do desabamento. Antes, a PF dividia as funções com a Polícia Civil da Bahia, que, neste período, ficou responsável por ouvir testemunhas do desabamento.

No entanto, por se tratar de um imóvel tomado pelo Iphan, o trabalho será concentrado no órgão federal. Com isso, os depoimentos colhidos pela PC passarão para a PF, que tocará o caso. O processo de realização da perícia ainda está em andamento.

Também na segunda, o Iphan revelou que a igreja recebeu a última vistoria técnica em maio de 2024. Na ocasião, não foram identificados indícios de problemas estruturais que pudessem provocar o desabamento da forração do teto do templo, como aconteceu no dia 5 de fevereiro.

O Iphan informou ainda que realizará a contratação das obras emergenciais que englobarão escoramento, estabilização, acesso e segurança do monumento e dos trabalhadores envolvidos.

Ainda nessa etapa, conforme o instituto, serão realizados os trabalhos de diagnóstico, triagem, catalogação, higienização, proteção e armazenagem das estruturas e bens artísticos que serão restaurados e remontados em uma segunda etapa.

FONTE: G1 BA

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