O incêndio que atinge as serras de Jacobina, no norte da Bahia, avançou em direção ao Vale do Brito e Pico do Jaraguá. As chamas começaram na última segunda-feira (8), na região do bairro da Bananeira. Segundo a Defesa Civil do município, o fogo foi provocado por queimada em um quintal da região.
A Prefeitura de Jacobina informou que, na terça-feira (9), as equipes da Defesa Civil em colaboração com a Brigada Florestal de Jacobina atenderam a um chamado de incêndio na Serra da Bananeira. “Após mais de 12 horas de trabalho, o incêndio foi controlado vindo a ocorrer uma reignição nesta última quinta-feira (11)”, diz a prefeitura em nota.
Equipes de brigadistas voltaram ao local para atuar contra as chamas durante a noite de quinta e madrugada desta sexta-feira (12), mas o fogo não foi controlado. Ventos fortes que sopravam em direção ao local do incêndio impediram o trabalho dos brigadistas.
Ainda de acordo com a prefeitura da cidade, após descanso dos brigadistas, as equipes retornaram ao local para continuar o trabalho de combate hoje.
A Defesa Civil do município informou ao CORREIO que o combate conta com dez pessoas da Brigada Florestal Municipal, Defesa Civil e voltários, além do Corpo de Bombeiros, que irá enviar novas equipes neste sábado (13) para fortalecer o combate. Uma aeronave também deve se juntar aos brigadistas no início da manhã para ajudar a apagar o fogo.
Segundo Daniel Reis, Subsecretário da Secretaria de Proteção e Defesa Civil de Jacobina, a estimativa é de que haja 112 hectares de área atingida pelas chamas até o início da noite de hoje. “É uma área de vale com muito vento e altas temperaturas. Muito complexo, pois tem muitos paredões que dificultam o acesso”, explicou.
Outro incêndio
No último domingo (7), outro incêndio atingiu as serras na região de Cachoeira do Piancó, no distrito de Itaitu, em Jacobina. Segundo moradores, o fogo começou por volta das 9h, após uma explosão. Segundo a prefeitura, as chamas foram totalmente debeladas na quinta-feira (11).
Moradores da região, que são membros de uma brigada voluntária de combate a incêndios, subiram a serra para combater as chamas e evitar que chegassem às casas, cachoeiras e rios.
Mineradores clandestinos
O incêndio que atingiu a área de vegetação de Cachoeira do Piancó teria sido causado pela atuação do garimpo ilegal para extração de minérios da região.
Segundo moradores, homens teriam sido vistos nas serras do distrito pouco antes da explosão de dinamite que causou as chamas acontecer. O condutor ambiental Ícaro Rios, 23 anos, que é morador da região, afirma que estava no seu posto de trabalho quando viu dois homens subindo a serra nas proximidades do local onde a fiação do explosivo foi encontrada.
“Eu estava no posto onde a gente encontra e orienta os turistas e deu para avistar todo o movimento do garimpo ilegal que estava acontecendo. Tinha dois caras na serra. Eles ficaram uns quatro dias aqui rondando e fizeram perfurações nas pedras. Nessas pedras, ontem, eles colocaram a dinamite que causou a explosão e o fogo que se alastrou porque aqui tem uma facilidade de queimada por conta da situação de seca”, explica o condutor, que também é brigadista voluntário.
Ícaro não sabe dizer qual tipo de minério o garimpo quer explorar na serra, mas diz que os dois chegaram em Cachoeira de Piancó afirmando que estavam fazendo um estudo. “A gente não tem conhecimento do minério que eles querem explorar, mas sabemos que é rico em ouro e tem outros minérios aqui. Eles chegaram afirmando que estão fazendo pesquisa, mas não temos conhecimento de geólogo que trabalhe com dinamite e não disseram a que instituição estão vinculados’, fala.
A Guarda Municipal esteve no local, mas não localizou os suspeitos. Segundo a Defesa Civil da cidade, as investigações seguirão para identificar os garimpeiros clandestinos.
O incêndio do domingo repetiu um cenário de agonia que moradores da região enfrentaram no último mês de dezembro, quando mais de 500 hectares foram queimados em um só incêndio. Por conta da suspeita de incêndio criminoso, os moradores afirmam ter protocolado uma denúncia no Ministério Público e no Inema, que foram procurados pela reportagem para responder sobre o caso, mas não responderam até o fechamento desta matéria.
Por correio24hs.com.br
